terça-feira, 25 de novembro de 2008

FEMINISMO E ABOLICIONISMO ANIMAL - Sexismo e Especismo


A sociedade atual ainda prioriza o homem branco ocidental em detrimento de todo o resto da criação. Comportamentos considerados culturais, não devem ser confundidos com comportamentos naturais. Não é natural que seres humanos dotados de consciência e racionalidade no século XXI ainda possam divertir-se com acontecimentos como um rodeio ou uma tourada. Seres que pregam a paz e dizem lutar por ela ainda toleram violência contra a mulher achando que este tipo de coisa é natural. Não é!

O movimento de libertação visa pôr fim ao preconceito e à discriminação baseados em características arbitrárias, como a raça, o sexo ou a espécie. Talvez o especismo seja nossa última fronteira ética e isso requer uma expansão dos nossos horizontes morais.Negros e mulheres já foram considerados seres inferiores, desprovidos de alma ou inteligência. Querer igualdade moral para os animais parece tão absurdo quanto achavam absurdo a igualdade feminina. Os sexistas violam o princípio da igualdade, ao favoreceram os interesses do próprio sexo e os especistas ao levarem em conta os interesses de sua própria espécie, em detrimento dos interesses de membros de outras espécies.

No começo da "ocupação" humana sobre a Terra, ainda não se reconhecia o envolvimento do homem na geração de novos seres. O surgimento da vida era atribuído ao corpo feminino, e por este motivo desenvolveram uma divindade feminina, a vida era ocasional, uma benção da Deusa mãe. Eram tempos matriarcais.O homem se esforça para estar ao lado da mulher desenvolvendo amor pelos filhos. Nosso sucesso como espécie deveu-se à divisão do trabalho entre machos e fêmeas: os machos se especializaram na função de provedores de alimento. Já as fêmeas ocupavam o centro da vida social, preparando o alimento, criando os filhos e organizando a tribo. Dessa forma as mulheres aprenderam a lidar com vários problemas ao mesmo tempo. Havia um equilíbrio entre homens e mulheres; eram diferentes porém iguais.
As comunidades humanas se fixam cada vez mais, surgem então disputas dos grupos por territórios e isso eleva a categoria dos homens a guerreiros pois a vida da mulher como geradora de vida nova era muito valiosa e merecia ser defendida. Lentamente um ressentimento masculino vai germinando neste estado primitivo. Desejando ter o poder de criação para si e ocupar o lugar central da sociedade, surge o masculino opondo-se a tudo o que era feminino. Lentamente a revolução patriarcal vai se organizando. O homem toma para si o poder da criação, os cultos ao deus fálico crescem, o homem passa a ter maior importância no surgimento da vida. Os homens tornam-se importantes com a guerra, organizam as coisas para "manter a ordem" e passa a sentir-se forte, glorioso, com desejos de grandeza, o esposo da deusa, um deuso, um deus...mas para isso tem que assassinar a deusa, tomar-lhe o poder, tomando a terra, desprezando a terra, dizendo que o importante é a semente, assim como o corpo da mulher seria inerte sem a semente masculina. Tomam assim o poder de controlar a vida. A deusa gera e o homem a toma para si. Surge o paternalismo, surge a propriedade, a terra propriedade, a mulher propriedade, os filhos propriedades, os animais propriedade. A Deusa é caluniada; seu culto é chamado de paganismo indecente, o deus é gerado numa mãe virgem inviolada e sofredora, de um pai austero que premia com seu amor quem se deixa domesticar e submeter-se a ele: um pai punidor, racional e controlador.
Um deus homem, um lar patriarcal, um regime de violência e dominação. Disso decorre o patriarcado - a falácia do poder - o imperialismo, o militarismo, o capitalismo, o industrialismo, o consumismo, o racismo, o sexismo e o especismo. Dominação andro-antropocêntrica, exploradora e antiecológica.

O modo como toleramos a violência e crueldade contra os animais não humanos, nos mostra como toleramos também a violência contra as mulheres, os negros, os pobres, os idosos. Assim como as feministas, os defensores dos direitos dos animais, ainda são ridicularizados e suas aspirações consideradas irrelevantes. São acusados de radicais, extremistas, histéricos, emotivos, neuróticos, anti-sociais.

Opor-se à exploração animal é um ato de amor próprio, de escolha, de liberdade, de dizer não, de negar-se à massificação do sistema.

Podemos escolher ter uma vida não brutalizada, não violenta.

Bibliografia: Singer, Peter: Vida Ética 2002
Morris, Desmond: A mulher nua 2005

Texto corrigido extraído do original em http://www.sentiens.net

Um comentário:

  1. OLá amigas do Soltando os bichos, boa noite!
    No dia 11/11 tomei posse como acadêmica na Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, no meu discurso destaquei a importância
    do respeito para com os animais e a natureza e repudiando o especismo nefasto. Está postado no letra e fel,
    www.letraefel.blogspot.com
    Será uma alegria visita de vocês!
    Abraços eco-fraternos
    Renata Bomfim

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