quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Brigitte Bardot diz que Sarah Palin envergonha as mulheres


A ex-atriz francesa Brigitte Bardot enviou este mês uma carta aberta a Sarah Palin, governadora do Alasca republicana e candidata à vice-presidência dos Estados Unidos, acusando-a de «total irresponsabilidade» com o meio-ambiente, noticiou a France Presse.
«Em nome do respeito e da preservação da natureza, desejo que você perca estas eleições, já que o mundo sai ganhando.», diz a carta escrita por Bardot, presidente da fundação de defesa dos animais com o seu nome. A governadora republicana tem como passatempo caçar no Alasca.

Leia a carta na íntegra:

Fundação Brigitte Bardot
Paris, 7 de outubro de 2008
Madame Sarah Palin
Governadora do Alasca
Caixa Postal 110001
Juneau, AK 00811-001
USA

Há mais de dois anos entrei em contato com seu antecessor para denunciar a crueldade da caça aérea aos lobos do Alasca. Agora, estou chocada por saber que a senhora apóia, vigorosa e financeiramente, essa prática indigna, de uma covardia rara.

Suas medidas no sentido de que os ursos polares não continuassem na lista das espécies ameaçadas - para não serem mais protegidos, ainda que ameaçados pelo aquecimento global - demonstram sua total irresponsabilidade, além de incapacidade para proteger ou simplesmente respeitar a vida animal. Mas também é verdade que para a senhora um animal bom é um animal morto!

Ao fazer campanha pela perfuração de poços de petróleo no Refúgio Nacional Ártico para a Vida Selvagem, a senhora coloca ainda em perigo um habitat já fragilizado, como também toda a biodiversidade de uma zona sensível que devia, absolutamente, ser preservada.

Governadora, ao negar a responsabilidade do homem pelo aquecimento global, ao fazer campanha pelo direito ao porte de armas e à prática de atirar sobre qualquer coisa que se mova, ao fazer numerosas declarações de alarmante tolice, a senhora cobre as mulheres de vergonha e representa, por si mesma, uma ameaça terrível, uma verdadeira catástrofe ecológica.

Defender a vida significa mostrar humanidade e compaixão por todos os seres que povoam esta terra doente. Já que só estamos aqui de passagem, por tempo limitado, pense no que estará deixando para as gerações futuras.

Para finalizar, faço um apelo para que não mais se refira a si mesma como “um pitbull de batom”, já que, posso assegurá-la, nenhum pitbull, nenhum cachorro, como nenhum outro animal, é mais perigoso do que a senhora.

Em nome do respeito pela Natureza e sua preservação, espero que a senhora seja derrotada nesta eleição. Desta forma, o mundo inteiro estará ganhando!

Brigitte Bardot, presidente
Feminismo e defesa do meio-ambiente

sábado, 18 de outubro de 2008

DIREITOS ANIMAIS - conforme a Teoria Abolicionista de Gary L. Francione



1. Todos os seres capazes de sentir(seres sencientes), humanos ou não-humanos, têm um direito: o direito básico de não ser tratados como propriedade dos outros.

2. Nosso reconhecimento desse direito básico significa que devemos abolir, em vez de simplesmente regulamentar, a exploração institucionalizada dos animais - porque ela pressupõe que os animais sejam propriedade dos humanos.

3. Assim como rejeitamos o racismo, o sexismo, a homofobia e o preconceito contra as pessoas de idade, rejeitamos o especismo. A espécie de um ser senciente não é razão para que se negue a proteção a esse direito básico, assim como raça, sexo, orientação sexual ou idade não são razões para que a inclusão na comunidade moral humana seja negada a outros seres humanos.

4. Reconhecemos que não vamos abolir de um dia para o outro a condição de propriedade dos não-humanos, mas vamos apoiar apenas as campanhas e posições que promovam explicitamente a agenda abolicionista. Não vamos apoiar posições que reivindiquem regulamentações supostamente"melhores" da exploração animal. Rejeitamos qualquer campanha que promova sexismo, racismo, homofobia ou outras formas de discriminação contra humanos.

5. Reconhecemos que o passo mais importante que qualquer um de nós pode dar rumo à abolição é adotar o estilo de vida vegano e educar os outros sobre o veganismo.
Veganismo é o princípio da abolição aplicado à vida pessoal. O consumo de carnes (vaca, ave, pescado, etc.), de laticínio,ovo e mel, assim como o uso de animais para roupas, entretenimento, pesquisa ou qualquer outro fim, são incompatíveis com a perspectiva abolicionista.

6. Reconhecemos a não-violência como o princípio norteador do movimento pelos direitos animais.

©2002 Gary L. Francione
Trad.: Regina Rheda

sábado, 11 de outubro de 2008

Antropocentrismo e Patriarcado - As raízes religiosas do esquecimento da dor dos animais não humanos por parte do Homem



Ao nos depararmos com a terrível realidade do massacre dos animais não-humanos em nosso planeta, na maioria das vezes não temos idéia dos conceitos que se escondem por trás da relação doentia do ser humano com outras formas de vida. Daí a importância de buscarmos compreender as raízes de ações tão agressivas e desrespeitosas para com a vida.
O texto abaixo pode nos ajudar em nossa reflexão:


Existe uma alienação por parte do Homem quanto ao sofrimento e assassinato a que são submetidos os animais, porque há um preconceito estabelecido, de maneira dominante, que diz que os animais estão no mundo para servirem ao Homem, ou seja, eles existem apenas por um valor instrumental, como um objeto em que o Homem tem o direito de manipulá-lo da maneira que melhor lhe convier. Mas, o que formou este preconceito? Quais são suas raízes?

“Quando uma atitude se encontra tão profundamente enraizada no nosso pensamento que a tomamos como verdade inquestionável, a contestação séria e coerente dessa atitude corre o risco de ser tomada como ridícula.” ( SINGER, Peter. Libertação Animal. Ed. Via Óptima. Porto, Portugal, 2000, pág.173 ).

Raízes Religiosas:

• Então Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele domine os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra. E Deus criou o homem à sua imagem. E Deus os abençoou e lhes disse: “Sejam fecundos, multipliquem-se, encham e submetam a terra; dominem os peixes do mar, as aves do céu e todos os seres vivos que rastejam sobre a Terra”. ( Gênesis 1: 26-28 ).

• Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo: “Sejam fecundos, multipliquem-se e encham a Terra. Todos os animais da Terra temerão e respeitarão vocês: as aves do céu, os répteis do solo e os peixes do mar estão no poder de vocês. Tudo o que vive e se move servirá de alimento para vocês. E a vocês eu entrego tudo, como já lhes havia entregue os vegetais...” (Gênesis 9: 1-3 ).

• É importante ressaltar que o Cristianismo herdou da tradição judaica o pensamento de que só os seres humanos entre todos os seres viventes na Terra, é que possuem uma alma imortal, estando assim destinados a uma vida após a morte.. Foi esta noção que introduziu principalmente no ocidente, a idéia de caráter sagrado da vida humana – e apenas a vida humana.

• Em mais uma passagem da Bíblia, agora São Paulo questiona a Lei de Moisés que proibia que se amordaçasse o boi que estivesse a comer os grãos. Dizendo:
...Por acaso é com os bois que Deus se preocupa? Não será por causa de nós que ele fala assim?... ( Coríntios 9: 9-10 ).

• Santo Agostinho importante filósofo do período medieval e grande teórico do Cristianismo escreve:
“O próprio Cristo mostra que o refreio na morte dos animais e na destruição das plantas constitui o auge da superstição, pois, julgando que não existem direitos comuns entre nós e os animais e as árvores, ele mandou os demônios habitarem uma vara de porcos e, com uma maldição, secou a árvore onde não achou fruto.”

• Assim como os romanos colocavam criminosos e prisioneiros de guerra fora da esfera da preocupação moral, ou seja, não eram considerados pacientes morais, jogando-os na arena para se divertirem vendo eles serem devorados pelos leões, o cristianismo deixou também os animais não humanos fora dos limites de preocupação moral, com isso, não sendo considerados pacientes morais.

• São Tomás de Aquino talvez o mais importante filósofo da época medieval e um dos maiores expoentes do pensamento cristão, escreve:
“ Não é pecado utilizar as coisas para o fim a que se destina. Ora a ordem das coisas é tal que o imperfeito serve o perfeito...As coisas, como as plantas que têm simplesmente vida, são todas iguais para os animais, e todos os animais são iguais para o homem. Por conseguinte não é proibido utilizar as plantas para o benefício dos animais e os animais para benefício do homem...Ora a utilização mais necessária parece consistir no fato de os animais usarem as plantas, e os homens usarem os animais, como alimento, e isto não pode ser feito sem que aqueles sejam privados de vida, e, portanto, é permitido tanto tirar a vida às plantas para o uso dos animais como os animais para o uso do homem. Assim se obedece ao mandamento do próprio Deus.” ( Summa Theologica 2, 2, Q64, art.1. ).

• Peter Singer no livro “Libertação Animal”, fala que, para S. Tomás de Aquino em sua classificação do que seriam os pecados, estes só existiriam quando fossem contra Deus, contra nós mesmos, ou contra o nosso próximo. São Tomás em sua Summa Theologica, não abre a possibilidade de pecados contra os animais não humanos ou contra o mundo natural. ( SINGER, Peter. Libertação Animal. Ed. Via Óptima, pág182. ).

• S. Tomás nunca diz que a crueldade para com os animais irracionais é errada em si mesma. Desta maneira os limites da moral em sua filosofia excluem os animais não humanos. ( SINGER, Peter. Libertação Animal. Ed. Via Óptima, pág .182.).

• “Não interessa o modo como o homem se comporta com os animais, pois Deus submeteu todas as coisas ao poder humano e é neste sentido que o apóstolo diz que Deus não se preocupa com os bois, porque Deus não pede contas ao homem daquilo que este faz aos bois ou a outro qualquer animal.” ( Summa Theologica 2, 1, Q102, art.6 ).

• “ A influência de S. Tomás foi duradoura. Em meados do séc.XIX, o papa Pio IX recusou o estabelecimento de uma organização contra a crueldade para com os animais em Roma, argumentando que a sua existência sugeriria que os seres humanos tem deveres para com os animais. E podemos encontrar esta descrição ainda na segunda metade do séculoXX, sem grandes alterações da posição oficial da Igreja Católica Romana.” (SINGER, Peter. Libertação Animal. Ed. Via Óptima, pág. 183 ).”

• Segundo Singer, foi só em 1988, que a Igreja Católica começou a mudar de postura na sua relação para com os problemas ecológicos. Ele cita:
“O domínio conferido ao homem pelo Criador não é um poder absoluto, nem se pode falar de uma liberdade de “usar e abusar”, ou de dispor das coisas como melhor agrade... Nas relações com a natureza visível, nós estamos submetidos a leis, não só biológicas, mas também morais, que não podem ser impunemente transgredidas.” ( João Paulo II, A Solicitude Social da Igreja (Secretariado Geral do Episcopado, Ed. Rei dos Livros, 1988), sec.34, pág.73)
.
CONCLUINDO:
“Segundo a tradição ocidental dominante, o mundo natural existe para benefício dos seres humanos. Deus concedeu aos seres humanos o domínio sobre o mundo natural, e a Deus não importa como nós o tratamos. Os seres humanos são os únicos membros moralmente importantes deste mundo. A própria natureza carece de valor intrínseco, e a destruição das plantas e dos animais não pode ser um pecado, exceto se nessa destruição forem prejudicados os seres humanos.”
( SINGER, Peter. Vida Ética. Ed. Ediouro, pág. 121)


Assim, concluímos que estes preconceitos se encontram tão arraigados por bases religiosas, que foram tomados como verdade sem serem questionados. Agora, porém a humanidade vive um importante momento de expansão da consciência coletiva e libertação de dogmas. Torna-se então, indispensável uma reavaliação geral de conceitos, especialmente aqueles ligados à relação do ser humano com a natureza. E, cada vez mais é evidente a necessidade urgente do resgate do amor e do respeito à todas as formas de vida, por parte do homem.

Texto comentado a partir do original de José Antônio Machado

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Movimentos


Os animais têm um papel importante na produção de comida, roupa, pesquisa de laboratório e entretenimento. Informação e senso comum, unidos aos profundos conhecimentos atuais sobre a sensibilidade animal, constituem a primeira tomada de consciência do sofrimento pelo qual somos responsáveis. De agora em diante, a defasagem entre o animal-ser-senciente e o animal-objeto-máquina no qual o humano quer convertê-lo explodirá em movimentos de resistência pela libertação, guiados por uma ética biocêntrica cada vez mais afiançada, que, assumindo diferentes posturas, conduzirá progressivamente à libertação animal. Os movimentos de mudança estão se espalhando pelo mundo inteiro, seja devido à ampliação do círculo das considerações éticas para a inclusão dos animais, seja pelo conhecimento dos benefícios individuais e coletivos decorrentes de se praticar e promover o respeito à vida animal não-humana.

Segundo uma pesquisa da Universidade de Yale, são as pessoas mais velhas, ou as menos instruídas, que encaram os animais como recursos [Scientific American, February/1997]. Até mesmo em uma sociedade carnívora como a argentina, cada vez mais jovens têm aderido à causa ecológica e se declarado vegetarianos. Em todos os setores, inclusive o religioso, surgem vozes voltadas a propiciar uma relação amistosa com os animais. Adotar um estilo de vida livre de crueldade não toma todo seu tempo; é um modo de viver exercendo de verdade o amor pelos animais e pela natureza em seu conjunto. Não implica gastar energia “fazendo” coisas, mas “deixando de fazer”. Nenhuma das ações interfere na possibilidade de se cuidar dos humanos. Se existir algo que caracterize os tempos de hoje, é a grande variedade de opções oferecidas pela tecnologia em matéria de comida, roupas, cosméticos, diversões, etc. "Nossa tarefa deve ser a de libertar-nos a nós mesmos... ampliando nosso círculo de compaixão para nele inserir todas as criaturas vivas e a totalidade do mundo natural com sua beleza." [Albert Einstein].

Esses movimentos contestam a suposta “humanidade” da humanidade, revolucionam a ética e são o símbolo para uma mudança absolutamente necessária. Porque aquilo que fere um animal fere todos os animais, incluindo o animal humano. Aquilo que os destrói nos destrói. A defesa dos animais é um motivo de orgulho para quem a pratica.

Fonte: Anima
www.anima.org.ar

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Seus netos serão vegetarianos!


Não adianta nos criticar, seus netos serão vegetarianos!

Hoje você nos critica, fala em leis da natureza que não se aplicam a todos os seres humanos, esquece até que somos todos animais, para se colocar além da natureza e acima de todos os outros seres.

Hoje você faz vista grossa à crueldade que existe em todo e qualquer consumo de produtos de origem animal. Você parece ignorar que mesmo no confinamento de animais utilizados para consumo humano há violência, porque rouba do animal a liberdade, justo você que tanto valoriza e usa a palavra liberdade para garantir seus direitos. E na maioria das vezes este confinamento não implica somente privação de liberdade, mas muito sofrimento e maus tratos que advêm do tratamento reservado ao animal que servirá de consumo humano. Você até acredita em sistemas filosóficos complexos para justificar esta dominação do homem sobre a natureza. E você concorda com estas crenças que advogam a favor desta dominação.

Tudo bem, você ainda pode justificar sua posição nos pequenos grupos tradicionais dos quais faz parte, mas você está percebendo que não dá mais para achar normal maus tratos a animais. Hoje espancar um cachorro pode dar prisão e com certeza é assunto na mídia e motivo de desgraça pública. Você também já está percebendo que há a sua volta outras pessoas que pensam diferente, que têm uma vida diferente da sua que é cercada de objetos e situações que envolvem a exploração e sofrimento de animais.Você já deve ter percebido que há outras pessoas sérias que se importam com o sofrimento e exploração animal.

Você deve ter colegas, parentes, conhecidos que são vegetarianos e há uns 10 anos atrás você até podia falar abertamente de suas filosofias ultrapassadas ao debater sem conhecimento sobre a saúde dos vegetarianos que na realidade parecem mais jovens do que você. Você pode até continuar ignorando povos saudáveis que são vegetarianos há muitas gerações e mais saudáveis do que seus contemporâneos ocidentais onívoros a quem você chama de carnívoros. Você até pode continuar não se perguntando como e por que isto sempre lhe escapou, assim como da lógica da ciência que você endeusa, a quem também escapa perceber que há outros seres humanos iguais a você que têm se mantido vivos e saudáveis a despeito de nunca ingerirem carne. Mas você não pode mais deixar de reparar que hoje há muitas pessoas que se recusam a comer carne mesmo que acreditassem nestes pressupostos da ciência oficial que nem sempre lhe garantiram a saúde, e que é incapaz de incluir em suas observações este grande número de vegetarianos que existem no oriente, saudáveis há muitas gerações. Você pode não se perguntar do porquê desta ciência esquecer-se destas pessoas que têm os mesmos cromossomos que os demais humanos e que se mantêm saudáveis a despeito de algumas prerrogativas e pressupostos científicos, mas saiba que a despeito de você não conseguir perceber-se disto seus netos vão se tornar vegetarianos.

Tudo bem, você pode continuar nos ridicularizando, explicando-se com argumentos pobres como aquele enunciado que diz que “não se deve ser radical” e se este for um de seus argumentos espero sinceramente que você ao se dizer não racista, não homofóbico ou contrário a qualquer preconceito, tenha argumentos mais consistentes do que este de não ser radical! Você pode até não perceber a força do condicionamento social que é o único argumento que há por trás desta lógica que você chama de ciência ou verdade, mesmo assim as próximas gerações vão ser vegetarianas.

Tudo bem, você pode até nos achar agressivos em nosso ativismo engajado, enquanto continua com seu churrasco mal passado, apesar do médico lhe ter sugerido para diminuir a carne e pode também nos achar chatos e nos atacar com aquele discurso vazio e passivo ao achar que tínhamos que cuidar de direitos humanos ou de crianças "carentes", mesmo que você não gaste um centavo de seu dinheiro ou um segundo de seu tempo para tratar algo ou alguém fora de seus interesses imediatos e pessoais. Tudo bem, você até pode ser um ativista dos direitos humanos e das causas de minorias, o que é raro entre os que nos criticam, mas você já deve ter percebido que sempre há um vegetariano a sua volta, seja na cantina no trabalho, no clube, na aula de inglês, ou naquele restaurante perto do trabalho, e que acaba comendo arroz com salada calado enquanto você e seus colegas fazem dele o assunto da refeição. Você pode até associar o vegetarianismo de seu amigo à falta de potência sexual, mesmo percebendo que é você que tem dificuldades circulatórias com sua dieta rica em carne, leite e ovos, mas você já deve ter percebido que os vegetarianos estão por todo lugar, são colegas de trabalho, artistas na TV, jornalistas, e até desportistas vitoriosos ou simplesmente a vizinha do apartamento ao lado.

Você pode até não ter percebido que alguma coisa mobiliza em você no fato de alguém se importar com a covardia que existe em subjugar um animal indefeso e conseguir abster-se de colaborar com a crueldade disto na alimentação, no vestuário ou em outras práticas, mas você teria que se dar conta também que seus netos serão vegetarianos.

Você até pode achar um absurdo achar que as vacas que você come contribuem com o fim da Amazônia e com o aquecimento terrestre, mas muito breve pessoas como você serão em menor número do que os que se importam com a poluição na Amazônia e os que pedem um comércio ético, sem a exploração animal.

Você pode até acreditar no que dizem alguns produtores de carne quando dizem que a carne de porco faz bem à saúde ao defenderem seus interesses comerciais ou de que o abate é indolor e que não há sofrimento do animal na produção de carne ou de galinha e mesmo na “inocente” produção de lacticínios. Mesmo que você acredite nisto tudo, saiba que os vegetarianos vão ser maioria nas futuras gerações.

Saiba que, mesmo que demore um pouco, os rodeios vão acabar e serão lembrados como as arenas no Coliseu da Roma Antiga, porque aqueles que estarão envolvidos nas emissoras de TV não vão mais investir em espetáculos com animais. Mesmo que estes sejam os últimos redutos a serem ocupados por vegetarianos, dia chegará que lá estaremos em coletividade e não mais esparsos aqui e ali. Estaremos na TV, no Ministério Público, nos governos, na educação e em todos os espaços. Muitos serão os vegetarianos e o sistema de justiça também não permitirá mais que se maltrate animais, como prega a lei, nem mesmo para consumo, e à sua volta cada vez mais vegetarianos ganharão espaços e voz até que será muito difícil matar para comer. Os grandes proprietários gerarão filhos e netos vegetarianos, bem como os senadores e deputados e até o presidente e mesmo a elite política ou econômica será constituída por uma maioria vegetariana muito mais breve do que você pensa enquanto gasta seu tempo nos criticando e até ridicularizando.

Mesmo que você tenha ganhos diretos com o consumo ou abate animal, você pode imaginar que sua atividade está com os dias contados, porque no futuro muitos serão os que farão oposição a isto e mesmo você terá que mudar de atividade como aconteceu no passado com algumas funções que se tornaram obsoletas.Se você prestar atenção verá que isto já está acontecendo e há muitos que têm boicotado à violência do comércio que envolve a exploração animal e os empresários mais espertos têm aproveitado para tirar proveito disto.

E saiba que seus netos serão vegetarianos, seus bisnetos veganos e o consumo de carne para eles será uma ofensa.

Seus netos nem precisarão se preocupar com os produtos que poderão consumir nos supermercados, porque estará indicado nas embalagens se aquela matéria prima deu origem a algum tipo de sacrifício animal. Também não existirão mais produtos testados em animais ou contendo matéria prima de origem animal, porque está se formando a cultura que sucederá a esta que permite ainda maus tratos e exploração animal. E nesta cultura que estamos criando não há lugar para uma idéia de que o universo existe para o homem, mas estamos disseminando a idéia de que todos os animais devem ser respeitados por eles próprios. Esta será a filosofia que silenciosamente será adotada por seus netos e bisnetos como é hoje o condicionamento social que não lhe permite ver a crueldade que lhe faz corroborar com a violência para com animais indefesos que você permite que sejam abatidos para consumir.

E o comércio que nos respeita mais do que os políticos, porque querem atender nosso desejo de consumo, terá criado tantas coisas para serem consumidas substituindo o tradicional comércio da crueldade para com os animais, que mesmo estes antigos anti-vegetarianos acabarão por se render aos sabores novos que darão conta de todas as necessidades deste novo mercado.

Hoje somos poucos e você se permite uma piada aqui, um crítica indignada ali, como se a gente estivesse lhe usurpando alguma coisa.

Talvez sejamos mesmo espelhos onde muitos se vêem mais feios, mesmo que nossa crítica seja silenciosa e se dê apenas no boicote. Talvez nosso gesto contrário à violência que há no consumo envolvendo animais, lhe incomode, porque de alguma forma você reconhece um pouco do sangue dos inocentes em suas mãos.
Mas você não poderá seguir com suas piadas e críticas por muito tempo, porque amanhã seremos seu chefe, como já somos seus colegas, muitos já somos seus filhos e no futuro seremos a maioria. Seremos seus netos, os colegas de seus filhos, o filho do político e do grande empresário e estaremos por todo o lado.

O que você está fazendo que ainda não produziu um sapato sem couro, ou um doce sem ovos ou leite para ser consumido por vegetarianos e não vegetarianos?

Porque você insiste no velho mercado desgastado que só se ocupa de imitar os concorrentes sem mostrar nada novo neste consumo que ratifica a violência? Porque usar o couro se pode ser sintético ou vegetal? Por quanto tempo você acha que o comércio do couro que polui e advém do sacrifício de animais irá se manter?

Porque você não faz calçados e assessórios para estes que querem consumir sem violência? Porque não fazer cosméticos sem testes ou matéria prima de origem vegetal?

Por quanto tempo você acha que manterá sua escola sem a crítica contundente da sociedade que condena a violência contra os animais? Por quanto tempo você acha que poderá promover o abate de animais para ensinar futuros médicos a prática da medicina sem atrair para si a crítica ou mesmo o prejuízo financeiro? Saiba que a medicina veterinária do futuro terá um único e somente objetivo, atender os animais e somente os animais!

E você político, por quanto tempo você acha que vai conseguir se manter no congresso somente com o voto dos pecuaristas?

Por quanto tempo você acha que vai conseguir se manter no poder aprovando leis que provocam ou ratificam o sofrimento de animais inocentes?

Nós somos muito mais articulados, muito mais politizados do que os que apostam na ordem estabelecida que não lhe garante nem a saúde!

Não adianta revogar leis anti-caça, porque estamos de olhos bem abertos e sabemos quem está ali aprovando o sofrimento animal. Para nós religião não autoriza a matar, e o mesmo dizer do “esporte”, e sabemos cada um que tem compactuado com a violência e a exploração animal. Sabemos quanto tempo aquele político ficou com o projeto anti-caça engavetado ou aquele outro que acabava com o confinamento dos animais nos circos sem encaminhar para ser votado. Sabemos o quanto você tem se esquivado de impedir que cavalos morram de exaustão e até de fome para carregar fardos até cairem pelas ruas sem que você, prefeito, autoridade, faça alguma coisa que só você poderia fazer !

Sabemos de sua negligência e de sua disfarçada neutralidade ao favorecer aqueles que maltratam animais.

Não adianta mais lutar contra a realidade, ela está se modificando a sua volta e quanto mais você lutar, mais você vai se sentir inadequado moralmente ao se espelhar em nossa luta contra a covardia. Por quanto tempo ainda você vai resistir e insistir nesta ordem velha que nem vai mais lhe garantir os mesmo lucros de antes?

Também queremos consumir, mas queremos a transparência e nada de crueldade.

O tempo está mais acelerado e lembre-se, seus netos serão vegetarianos e você não pode esperar a falência, o fracasso ou simplesmente a inércia decadente que não lhe garantirá mais o salário, o lucro ou a popularidade.

O adultério não é mais crime, bater em crianças não é mais uma prerrogativa dos pais e pode levar a prisão. O mesmo está acontecendo com a cultura mais arraigada que naturaliza a violência com os animais.

Mesmo que você ache ridículo não comer carne, seus netos serão vegetarianos e terão mesmo dificuldade de comer ao seu lado, porque saberão o que significa aquele pedaço de carne no prato.

É só isto que eu queria lhe dizer. Assim como hoje seu vizinho é vegetariano, ou alguns de seus colegas, muito breve seus netos serão vegetarianos e não vão nem conseguir sentar-se à mesa para comer ao seu lado!


Por Eliane Lima

Direito dos animais: o desafio da nova era



Responda rápido: os animais sentem dor? Eles são capazes de expressar sentimentos? Nós temos o direito de utilizá-los como bem entendermos? Essas questões vêm sendo debatidas no mundo e também no Brasil.

O Congresso Vegetariano Brasileiro, realizado em São Paulo, abriu espaço para essa discussão. "Precisamos de um novo estatuto jurídico para os animais desvinculando-os da visão tradicional - civil, penal e ambiental -, para reconhecê-los como sujeitos de direito. Necessitamos de coragem para mudar hábitos e desafiar o comodismo da ordem jurídica preestabelecida", propôs o promotor de justiça, Laerte Fernando Levai, de São José dos Campos (SP) e autor de Direito dos animais (Mantiqueira). O também promotor de justiça do Meio Ambiente, Heron Santana, de Salvador (BA), cuja tese de doutorado teve o título Abolicionismo Animal, proclamou: "Tal como ocorreu com todas as lutas de emancipação, é essencial um movimento de abolição dos animais efetivo, formado por políticos, cientistas, artistas, profissionais liberais, para que seja possível a promoção sistemática de ações judiciais em defesa dos animais". Já para a professora de Filosofia da Universidade de Santa Catarina, Sonia T. Felipe, nossa moral humanista é especista, elitista e eletiva. Trocando em miúdos, reconhecemos as liberdades fundamentais do ser humano e não do animal não humano e defendemos aqueles que julgamos mais adequados à expressão de nossa necessidade afetiva e econômica. "Direitos morais e constitucionais devem ser universais e considerar a importância do benefício, sem discriminar sexo, raça, espécie ou qualquer diferença."

"Os animais não existem em função do homem, eles possuem uma existência e um valor próprios. Uma moral que não incorpore esta verdade é vazia. Um sistema jurídico que a exclua é cego."
Tom Regan, filósofo norte-americano

No plano internacional, dois pensadores têm inspirado o movimento pelo direito dos animais. O filósofo Tom Regan, em Jaulas vazias (Lugano), elaborou o conceito "os animais são sujeitos de uma vida", que é importante para eles e não pela utilidade que eles possam ter para nós. O professor norteamericano de Direito, Gary Francione, defende a necessidade de eliminar a instituição do animal como propriedade. Para ele, a mais efetiva das medidas para libertar os animais é a adoção de um estilo de vida vegano, ou seja, mais do que não comer carne, como fazem os vegetarianos, deve-se rejeitar qualquer produto de origem animal na alimentação, no vestuário, etc.

"Aparentemente radicais num primeiro momento, essas reflexões não vão mudar o mundo de uma hora para outra, diz Francione, mas somente quando estiverem compreendidas o suficiente para inspirar uma revolução no espírito humano e uma mudança do paradigma do homem como centro do universo."

*texto retirado da revista "UMA" por Silvia Avanzi

LIBERTAÇÃO PARA OS ANIMAIS DA TERRA ! PELO FIM DA ESCRAVIDÃO!


“ Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante.” - Albert Schweitzer (Nobel da Paz de 1952)

Felizmente, a cada dia é maior o número de pessoas conscientes da urgência de transformação em nossos hábitos cotidianos, visando a preservação do meio ambiente. Muitos grupos e indivíduos trabalham hoje, incansavelmente, empenhados em reverter o quadro de destruição alarmante do qual nosso planeta tem sido vítima. Nos últimos tempos, a devastação da natureza atingiu proporções catastróficas e tornou-se imprescindível que cada um de nós tome para si sua cota de responsabilidade na transformação desta realidade.
Ao lançarmos um olhar mais atento a estas questões ambientais, inevitavelmente nos deparamos com a triste condição dos animais não-humanos em nosso planeta.
Desde épocas remotas nossos amigos animais têm sofrido silenciosamente, vítimas de uma infinidade de maus tratos e crueldades praticadas pelos seres humanos. O mais preocupante é que toda a exploração e dor infligidas a estes indefesos seres têm sido “justificadas” e consideradas “aceitáveis” em nome do “bem estar” dos humanos. A visão antropocêntrica que domina nossa sociedade tem bases religiosas patriarcais e está tão profundamente arraigada em nossa maneira de agir e de pensar que sequer paramos para questioná-la. A agonia de nossos irmãos animais que se estende desde a indústria da carne até a terrível vivisecção, passando pelo comércio de peles, rodeios, caçadas, touradas, entre outros, é descaradamente negligenciada tanto a nível individual quanto coletivo. O holocausto animal é uma realidade brutal em nosso planeta e todos os que tenham consciência deste fato precisam mobilizar-se urgentemente para que a verdade venha à tona e um grande número de pessoas seja conscientizado a respeito.
É importante que fique bem claro o quão equivocada tem sido esta linha de pensamento e ação que considera os animais não humanos como simples objetos a serem utilizados por nós. A paz e a justiça que tanto ansiamos ver na Terra não poderá existir enquanto o reino animal estiver sendo tratado com tamanha violência e descaso. A harmonia que sonhamos virá quando começarmos a semeá-la em nossa relação com o mundo a nossa volta e suas diferentes formas de vida. Precisamos nos lembrar sempre que nosso papel como seres inteligentes, líderes na escala evolutiva no planeta, nunca foi o de explorar e dizimar a vida animal em “benefício” próprio e sim o de proteger e colaborar com a preservação de todas as espécies em evolução na Terra, pois todos os seres sencientes, humanos e não humanos são capazes de SENTIR.
A boa notícia é que temos o poder de transformar esta terrível realidade e fazemos isso adotando algumas mudanças em nossos hábitos diários como por exemplo, revendo nossos hábitos alimentares, não comprando produtos de empresas que exploram animais, divulgando para os amigos serviços que os beneficiem, boicotando todo tipo de entretenimento que os “utilizem”, colaborando com instituições de proteção aos animais, denunciando situações de maus tratos, etc...Pequenas mudanças que fazem a grande diferença!
E finalmente, com a consciência da unidade inerente a toda vida, construiremos uma nova Terra, compreendendo que ao cuidarmos com amor de todas as espécies, estaremos salvando nossa própria espécie da destruição ou, nas palavras do filósofo Peter Singer, autor do best-seller “Libertação animal”:

“Lembremos que libertação animal implica, conseqüentemente, em libertação humana!”

Caso você queira ajudar a esta causa fazendo a sua parte, e saber mais sobre o assunto acesse:

http://www.direitosanimais.org/


Por Claudia Botelho